"Só os idiotas acham que a máquina deixa o professor menos importante. É justamente o contrário. Um professor apaixonado pela vida estimula a curiosidade e a curiosidade é a maior fonte do saber".
Paulo Freire

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Crise? Qual crise?

"Imagine que tinha conseguido um emprego em que lhe
pagavam um salário de 300 000,00 € por ano, lhe atribuíam um
potente BMW 530D com motorista para passear, e o Estado ainda
lhe concedia crédito bonificado para comprar casa!
Era caso para perguntar: Crise? Qual crise?
Perguntará o leitor onde é que existem empregos desses.
Pois a verdade é que esses empregos existem mesmo. Aqui em
Portugal!
Enquanto a maioria aperta o cinto, um pequeno grupo de
privilegiados consegue levar uma autêntica vida de nababo!"

"No pacote de regalias dos membros,
do conselho de administração está
estabelecida, desde 1998, uma reforma
milionária do Fundo de Pensões do Banco
de Portugal, estabelecida num regime
especial: o chamado Plano III.
Só para quem ainda não recebe
pensão e consiga terminar um mandato de
cinco anos. Geralmente, os administradores
fazem mais um ano para aprovar as contas.
Os cargos de governador, vicegovernador
e administrador do BdP são inamovíveis.
E basta terminar um mandato para ter direito
à pensão. Um dos ilustres e jovens reformados
do Fundo de Pensões do Banco de Portugal,
é o exministro
das Finanças, Luís
Campos e Cunha. que recebe uma pensão
de 114 000,00 euros anuais.
O Presidente da República Cavaco
Silva também está reformado do Banco de
Portugal por limite de idade e tem direito a
uma pensão de 2 679,00 euros.
Num momento em que acabaram os
juros bonificados para os pobres que
pretendiam comprar casa, estes autênticos
nababos do conselho de administração têm
ainda a possibilidade de contrair empréstimos
com taxas de juro mais baixas do que as
praticadas no mercado. Como o leitor vê, a
taxa bonificada foi retirada aos pobres e
passou a ser concedida aos ricos. É esta a
justiça social que o regime PS/PSD trouxe
para a melhoria da vida (de alguns)
portugueses.
Têm ainda o CA a possibilidade legal
de determinar os aumentos dos escalões de
vencimento dos funcionários, bem como dos
complementos remunerativos: Basta ver a
grelha dos administradores, que podem
ganhar, a título de complemento, mais de
800 contos por mês.
As necessidades de contratação de
recursos humanos e a escolha de consultores
do Banco de Portugal são outros dos poderes
do conselho de administração.
Por exemplo, num momento em que
as admissões na função pública estão
congeladas, os novos técnicos do Banco, são
criteriosamente seleccionados.
Uma vez admitidos podem ser
promovidos e progredidos em cada semestre
até quatro vezes consecutivas. Não por
acaso, a comissão de trabalhadores do Banco
de Portugal detecta que cada vez que muda
um conselho de administração no BdP, entra
gente nova. Que fica e permanece além dos
mandatos dos seus contratadores.
A mesma comissão reivindica há anos
a criação de um regime de incompatibilidades
ainda hoje inexistente.
É que grande parte dos homens que
são politicamente nomeados para o conselho
de administração do Banco de Portugal
passam e regressam à banca privada e sem
período de nojo. Sendo o banco central uma
entidade de supervisão do sistema bancário,
há quem sustente a pouca clareza nestas
transferências de lugares.
De resto, o BdP é um conhecido
ponto de passagem da classe política
portuguesa. Cavaco Silva, Miguel Beleza,
Bagão Félix, Tavares Moreira, entre muitos
outros nomes, passaram no Banco de Portugal.
Entre as medidas de austeridade
anunciadas pelo ministro das Finanças, Luís
Campos e Cunha, nenhuma delas dizia
respeito ao Banco de Portugal.
O banco é uma entidade autónoma.
Menos naquele ponto em que uma "comissão
de vencimentos", que integra o ministro das
Finanças ou um seu representante, define os
honorários do conselho de administração do
Banco de Portugal.
Finalmente, em Março de 2004, uma
lei assinada por Manuela Ferreira Leite
permitiu a criação de uma "reserva especial"
com as maisvalias
do ouro transacionado
pelo Banco de Portugal. Na prática, a
alienação do ouro deixou de ser taxada. E
encontrase
numa reserva de provisão.
Nunca nenhuma das perguntas que os
jornalistas dirigiram ao BdP e a Vítor
Constâncio foi respondida concretamente.
Sempre que lhe colocam questões
embaraçosas, o portavoz
do Banco limitase
a apontar a legislação aplicável e a garantir
que Vítor Constâncio não recebe nenhuma
pensão. (Coitadinho do Vítor Constâncio,
digo eu!)"

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